O GLAUCOMA, NÃO TEM CURA. MAS TEM TRATAMENTO E PREVENÇÃO.
Cerca de 900 mil pessoas no Brasil são portadoras de glaucoma, segunda causa de cegueira no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo as projeções, o glaucoma afetará 80 milhões de pessoas em 2020 e 111,5 milhões em 2040. Trata-se de uma doença grave, cuja perda – irreversível – do campo visual somente é percebida em estado avançado, quando pode já ter comprometido entre 40% e 50% da visão.
Por ser um vilão silencioso, o diagnóstico e o tratamento precoce são fundamentais para conter o desenvolvimento dessa patologia.
Exames de aferição da pressão intraocular, avaliação do nervo óptico e aferição da pressão arterial são essenciais como atitudes preventivas
“Sem uma rotina de consulta oftalmológica, a doença se instala e progride lentamente, podendo demorar meses ou anos para que o paciente perceba”, explica o Dr. Luiz Carlos Pegado, fundador da Clinop e do IBAP.
Abaixo, nossa equipe de médicos e residentes respondem as dúvidas mais comuns em relação ao glaucoma, explicando suas causas, manifestações, tratamentos e novidades no combate à doença. Confira:
O que é glaucoma? De que forma ele se manifesta?
É uma doença degenerativa do nervo óptico, que pode causar perda progressiva da visão. Trata-se de uma doença silenciosa, ou seja, assintomática, que só é diagnosticado em uma consulta oftalmológica de rotina.
Qual a gravidade dessa doença?
A doença, quando diagnosticada em estágios iniciais, pode ser controlada. O diagnóstico precoce previne sequelas irreversíveis, já que é possível, na consulta de rotina, saber que o paciente tem glaucoma antes dele desenvolver a perda da visão. Casos em estágios mais avançados apresentam perdas de campo visual definitivas e até a cegueira completa, por atrofia do nervo óptico.
Quais causas e fatores influenciam a doença?
Entre os principais fatores de risco para a doença estão: indivíduos com mais de 40 anos, histórico familiar de glaucoma, algumas condições oftalmológicas (como altos míopes, pessoas que sofreram trauma ocular, processos inflamatórios e descolamento de retina), uso de medicações (corticoides e antidepressivos) e condições sistêmicas (diabéticos).
Existem tipos diferentes de glaucoma?
Sim. O tipo mais comum é o glaucoma de ângulo aberto, que ocorre quando a capacidade de produção de humor aquoso (líquido presente no interior do olho) que é superior à capacidade de drenagem. Esse fenômeno aumenta o volume de líquido presente no olho e, consequentemente, eleva a pressão intraocular. Esse tipo é o glaucoma silencioso, em que o paciente demora a perceber a perda visual.
Um segundo tipo é conhecido como glaucoma de ângulo fechado, que pode ser crônico ou agudo. Ocorre quando o paciente apresenta um estreitamento ou um fechamento do espaço de drenagem de humor aquoso. Nos casos agudos, o aumento da pressão ocular ocorre rapidamente e vem acompanhado de sintomas como dor intensa nos olhos, embaçamento visual, visualização de círculos coloridos em volta das luzes, vermelhidão ocular, dor de cabeça e náuseas.
E o glaucoma congênito? De alguma forma, os sintomas, causas e tratamentos se diferem do glaucoma em adultos?
Glaucoma congênito é uma condição rara, grave e que afeta recém-nascidos. Por ser uma condição genética, em alguns casos, a criança é portadora e a doença se manifesta mais tarde, em adolescentes e adultos jovens. Nos recém-nascidos, o Teste do Olhinho é muito importante para o seu diagnóstico precoce. Nesses casos, o tratamento é sempre cirúrgico e deve ser indicado o mais rápido possível. Já em crianças, adolescentes e adultos jovens, o diagnóstico é feito em consultas de rotina e também podem apresentar quadros silenciosos como nos adultos.
Os sintomas são percebidos pelo paciente?
Não. A doença é silenciosa. Inicia-se com a perda de campo visual da periferia para o centro, sem comprometer a visão central. Nos estágios mais avançados, há a percepção da perda de campo periférica e existe a dificuldade de se localizar e locomover espacialmente. Com a progressão da patologia, ocorre a baixa visual gradativa até a completa perda da visão, se a doença não for tratada.
De que forma a pressão ocular se relaciona com essa doença? Algumas pessoas confundem: afinal, há alguma relação com a hipertensão arterial e a pressão ocular?
Na grande maioria das vezes, a pressão intraocular encontra-se alta, e controlá-la contribui com o controle da doença – essa medida indica a tensão no interior do olho e considera-se a medida normal máxima para a população normal de até até 21 mmHg. Não foi constatado uma relação direta não entre a hipertensão arterial e a pressão intraocular.
Quais os exames realizados para o diagnóstico da doença?
Alguns exames são importantes para detectar o glaucoma: tonometria (mede a pressão intraocular), fundoscopia (avalia o disco óptico), gonioscopia (avalia o ângulo de drenagem do humor aquoso. Esses exames são determinantes para o diagnóstico de glaucoma no consultório médico. A partir daí, se os achados clínicos aumentarem a suspeita, parte-se para exames mais complexos.
Quais são os tratamentos possíveis? Qual a eficácia? Glaucoma tem cura?
Existem tratamentos clínicos (colírios) e cirúrgicos (laser, cirurgia fistulizante, cirurgias angulares, implantes de drenagem e procedimentos ciclo destrutivos). Em ambos os casos, o objetivo é controlar a pressão intraocular, e não curar a doença. O glaucoma não tem cura, tem controle.
Atualmente, existe alguma novidade em termos de tecnologia ou tratamento específico para essa doença?
Sim. A tecnologia tem evoluído na área do glaucoma. Existe o laser seletivo indicado para primeiro tratamento, ou para pacientes com glaucoma leve a moderado. E o i-stent, um implante de drenagem angular indicado para glaucomas leves a moderados, em pacientes já operados de catarata ou que têm indicação de cirurgia combinada (catarata e glaucoma).
Existe algo, algum cuidado, que possa ser feito preventivamente, antes da doença se manifestar?
Consulte seu oftalmológica regularmente e não use medicação sem orientação médica
INFORMAÇÃO, PREVENÇÃO E ATITUDE.